Durante quatro dias, as “Fronteiras” vão ser debatidas através do teatro de André Murraças, da poesia de Valério Romão e José Anjos, do humor de Carlos Pereira, de cinema e outras propostas.
O Festival Política está de regresso a Lisboa de 22 a 25 de Abril, incluído na programação do Abril na Rua da EGEAC.
Pelo 5º ano consecutivo, o Cinema São Jorge recebe uma nova edição do evento que, desde 2017, tem vindo a reafirmar o seu compromisso de levantar questões que convidam à discussão e consciencialização cívica, individual e colectiva, através de várias formas de expressão política e artística.
Este ano, a programação está subordinada ao tema “Fronteiras”, entendidas como barreiras físicas, psicológicas e políticas, que se apresentam como entraves à inclusão das pessoas no território ou na comunidade. São elas o fio condutor de cerca de 20 actividades gratuitas que vão de debates, a performances, sessões de cinema, espectáculos, conversas e workshops.
Os destaques recaem sobre três propostas desenvolvidas especialmente para esta edição: o stand-up sobre racismo e direitos humanos do humorista Carlos Pereira; o solo do encenador, dramaturgo, cenógrafo e intérprete André Murraças, “Fronteiras”; o espetáculo de “Homens que são como fronteiras invadidas”, de Valério Romão e José Anjos, uma reflexão sobre os limites que a pandemia nos veio impor a título pessoal.
Como é habitual, o cinema continua a ser uma das expressões com maior destaque no Festival. Este ano, são exibidos 18 filmes que retratam realidades tão diferentes como as fronteiras da cidade de Lisboa, os conflitos sociais que atravessam a Europa, a ascensão dos nacionalismos e as migrações.
Ainda que privilegiando o contacto entre os artistas e o público, o 5º Festival Política tem também marcadas actividades em formato virtual, possibilitando assim a sua realização apesar das contingências do contexto pandémico. É o caso dos workshops que pela primeira vez decorrem online, como a sessão dedicada à participação cidadã na democracia ou o workshop de escrita criativa que tem por base a Enciclopédia dos Migrantes, livro que reúne 400 cartas. Este livro é a base e origem do espectáculo “Foguete de Emergência”, de Paloma Fernández Sobrino, apresentado a 25 de Abril, às 11h no São Jorge.
De regresso à programação está também o Cara-a-Cara com Deputados, encontro entre cidadãos e deputados representantes dos partidos eleitos para a Assembleia da República que, devido à Covid-19, se realiza via videoconferência.
Nas palavras do director artístico, Rui Oliveira Marques, esta edição apresenta “uma programação que reflecte o confinamento que a pandemia impôs a grande parte da população, mas também as fronteiras que separam o centro e a periferia de Lisboa, a par das realidades das populações migrantes e das lutas pelos direitos humanos que se tornaram ainda mais urgentes no contexto actual. Fronteiras como muros, não só os físicos como os políticos, económicos e mentais.“
Do programa fazem ainda parte dois projectos seleccionados do Concurso de Bolsas para Criadores, Activistas e Artistas, desenvolvido em parceria com o IPDJ. Das 45 candidaturas recebidas, destaque para a estreia de “Festinha”, da multiartista Puta Da Silva. Trata-se de um videoclip desenvolvido para ser visto como uma experiência 360 graus em realidade virtual e que destaca a realidade das pessoas trasnsgénero imigrantes e racializadas. Também o Degelo, projecto musical de Pedro Ruela Berga foi seleccionado, apresentando um concerto maioritariamente instrumental, baseado no 2º EP "Sons Escapistas", onde explora a dicotomia entre a interioridade e a comunidade.
Tanto os eventos presenciais como online do festival são gratuitos. De forma a garantir a acessibilidade e inclusão, os conteúdos são acompanhados por tradução em Língua Gestual Portuguesa. Todas as sessões de cinema são legendadas em português, incluindo as de língua portuguesa.
Os bilhetes para cada dia estão disponíveis apenas no próprio dia, na bilheteira do Cinema São Jorge.