Agenda de Eventos Feministas em Portugal

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Conversa - "Trazer a margem para o centro"

O movimento #metoo abalou a forma como se começou a olhar o meio artístico mundial. A título de exemplo veja-se Nanette, de Hannah Gadsby, onde a comediante põe o dedo na ferida: como a história da arte encobre a pessoa e eleva o génio.

Pensar assim a arte implica escolhas museológicas e urbanas, que aliadas às questões de género, coloniais e interseccionais, levam a um impasse e a um exercício de reflexão. Colocam-se em debate as narrativas instituídas de uma arte baseada em ideias hegemónicas e normativas, que pré-concebeu os papéis que cada um deve ter na construção da cultura.Algumas práticas artísticas foram ancoradas em categorias ultrapassadas que construíram o seu imaginário baseadas numa cultura normativa sem referente. Numa época em constante mudança devemos formular novos discursos para construir categorias que integrem a diferença sem estranheza. A linha condutora desta primeira conversa será a de abrir caminhos para novos discursos que até então foram ignorados. Pretendemos refletir o papel da arte enquanto veículo político e de que forma os artistas que se assumem de modo não normativo são encarados, criando novos termos de reflexão.

Descrição da atividade _

Partido da Coleção Berardo, guiaremos a nossa conversa em três eixos: o primeiro pretende refletir as influências do objeto de arte a partir do séc XX, nomeadamente a partir do cubismo. Utilizaremos como referências Pablo Picasso e Modigliani para iniciar a discussão acerca de questões coloniais. Porque é que a arte tradicional africana foi considerada menor e foi vista como veículo de inspiração de um génio, mas os trabalhos feitos a partir dela foram considerados obras de arte, adquirindo um estatuto superior?Usaremos Picasso para iniciar o segundo eixo, onde faremos uma leitura feminista dos seus trabalhos, focando a vida íntima do artista e a sua relação com as suas obras e musas. Este tema desdobrar-se-á ao trabalho de Mel Ramos, na representação da mulher e do seu corpo, e às práticas performativas que estão patentes na nova exposição  Constelações:  Hannah Villiger, Jemina Stehli, Suzan Pitt, Eileen Agar, Louise Bourgeois, Valie Export, Helena Almeida, Aino Kannisto e Francesca Woodmann.O terceiro eixo é centrado em temas queer e é retomado na sala  Elas por Elas , com o trabalho de Anthony Ramos, tendo como ponto de ligação Francis Bacon e Andy Warhol.Duração_  aprox. 2h

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BIO

O COLECTIVO FACA é um projecto de cidadania activa que é constituído por um núcleo duro de três pessoas. O COLECTIVO FACA parte da ideia de corte. Depois da incisão, há elementos que se dão a ver, formando-se novos centros e novas margens. O COLECTIVO FACA pensa as temáticas do feminismo, colonialismo, racismo, LGBTQI+ e não-normatividade em geral. Todas estas questões têm a mesma raiz, um preconceito em relação àquilo que não é igual a nós, fazendo-nos sentir ameaçados, ramificando-se em temas considerados marginais. É urgente recontar a História porque a narrativa predominante não coincide com as narrativas individuais e colectivas, que sempre foram desconsideradas.  

O COLECTIVO FACA é um projecto de curadoria que questiona as narrativas da cultura visual. Este é um trabalho de proximidade com vários públicos que amplia a perspectiva  acerca do outro e a História, propondo discussões, tertúlias, think tanks, exposições e visitas guiadas a espaços expositivos, aproveitando a sua constituição enquanto espaço comunitário.

Tendo em conta que estas ideias estão a ser desenvolvidas internacionalmente, trazemos as discussões para o debate cultural português contando com público especializado e não especializado. Não apagando a História, cruzamos as diversas narrativas, puxando as margens para o centro do debate.
Acreditamos que é preciso reajustar as margens e relocalizar os centros.

Mais info:
https://www.facebook.com/colectivofaca/

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