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Sob Traçantes: «A gente não tem outra opção senão continuar lutando!»

Resumo

O Brasil vive um dos maiores picos de violência urbana da sua história. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no país, vítima da violência racial praticada sem pudor pelo Estado, com amplo apoio e conivência dos meios de comunicação e da sociedade em geral. No ano de 2018, um dos rostos mais visíveis dessas vidas negras ceifadas foi a de mais uma voz negra insurgente: Marielle Franco.

Marielle Franco denunciou o drama vivido por milhares de jovens negros moradores de favela, vistas como “laboratórios” de políticas de segurança - que já nascem fracassadas, e de fonte de lucro de milicianos (que há décadas comandam o lucrativo exército de segurança privada nas zonas “abandonadas” pelo Estado). Mas é nesse contexto, nada novo, que a juventude negra vem questionando as respostas dos governos perante as suas lutas e transformando dor em resistência.

O ciclo de Seminários “Sob Traçantes” resulta de uma parceria entre a Jabuti Studio, o Cinema Nosso, o Promundo Portugal, o projeto POLITICS e o CES-Universidade de Coimbra e tem como objetivo ampliarmos o nosso olhar sobre a estrutura-racista, colonial, patriarcal- que sustenta o  massacre cotidiano da juventude dos centros urbanos e periferias, tendo como ponto de partida para o debate curtas metragens que são testemunhos, na primeira pessoa, destas vivências. Sob Traçantes é, por um lado, o retrato deste mundo que não tem projetos para a juventude, principalmente a juventude negra, colocando-a à mercê de traçantes que são globais. Simultaneamente, é vital criarmos um espaço para reflexão, formulação de propostas e ações sobre o modo como podemos desafiar, nestes mesmos contextos, o discurso da carência e da ausência, amplamente disseminado pela grande imprensa e por alguns grupos académicos e círculos intelectuais. A resistência da periferia, protagonizado, acima de tudo, pela juventude negra, tem gritado para o mundo que sabe transformar luto em luta, violência em força para a ação.

A proposta deste primeiro seminário, que conta com a presença do realizador da série Sob Traçantes, Luís Lomenha, com a Diretora da ONG Cinema Nosso Mércia Britto (Rio de Janeiro) é, em véspera do Dia Internacional das Mulheres, trazer os testemunhos, em filme, de Marinete da Silva e Anielle Franco, mãe e irmã de Marielle Franco, respetivamente, e os frutos das suas lutas, como o “Papo Franco”, que pretende contribuir para a prevenção de violência contra meninas e mulheres, e perpetuar as lutas e o amplo legado deixados por Marielle.

Sinopse Geral

Sob Traçantes, série documental sobre a trajetória de pessoas marcadas por situações de extrema violência, que lutam para construir um futuro melhor.

Exibição > Dia 7 de março

Episódio 1: MARINETE DA SILVA
Marinete da Silva, advogada e mãe de 2 filhas. A mais velha, Marielle, foi executada por incomodar os poderosos. Marinete lida com a dor da perda por ter certeza de que a luta da filha deu frutos.
Comentários: Tatiana Moura (Promundo/CES) e Danielle Araújo (POLITICS/CES)
Debate com: Luis Lomenha, realizador, Jabuti Filmes e Mércia Britto, diretora da ONG Cinema Nosso

Exibição > Dia 14 de março 

Episódio 2: JULIO BARROSO
Com um Boletim de Ocorrência forjado que dizia que trocara tiros com a PM, Julio levou 2 tiros e foi condenado a 12 anos de prisão. Após 8 anos, Júlio saiu da prisão decidido a retomar a vida. Hoje é produtor cultural.

Episódio 3: JOSÉ LUIZ DOS SANTOS
José Luiz morou a infância na rua. Uma noite, com fome, deixou amigos dormindo em uma marquise na Candelária e foi roubar pão. Por isso sobreviveu à chacina, em 1993. Hoje é produtor audiovisual.

Comentários: Luana Coelho (POLITICS/CES) e Sebijan Fejzula (POLITICS/CES)

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