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Um Corpo Cavalgado

A performance Um Corpo Cavalgado, busca investigar modos de Performatizar um tensionamento entre o Mito da Pombagira sob o termo pejorativo de Mulata, figuras femininas do universo arquetípico do imaginário brasileiro de matrizes africanas e que sofrem preconceitos em seu histórico sócio-cultural-religioso por carregarem no corpo diversos estigmas. E assim, oferece um Banquete Gliterizante Antropofágico e convida o público numa troca interativa a partir do Erótico e do Deboche.

A presente ação artística, busca Performatizar um tensionamento entre o Mito da Pomba-gira e a figura da Mulata, imagens associadas à ideia de mulheres objetificadas pela sexualidade, tentadoras, libidinosas, extra cotidiana, do mal, perversa, rouba marido, a outra, a coisa. E com isto, partindo de figuras femininas do universo arquetípico do imaginário brasileiro de matrizes africanas e que sofrem preconceitos em seu histórico sócio cultural e religioso e por carregar no corpo, justamente este tensionamento social do que é ser uma mulher que na minha formação de crenças incorpora há muitos anos a entidade Pomba-gira, que sempre foi algo difícil de lhe dar dentro e fora do circulo espiritual e ser também uma mulher negra de pele clara ou mestiça? Mulata? Mula? Ou seja um corpo, uma história que durante anos assim como milhares de mulheres vivem a condição de um processo de tornar-se, empoderar-se a partir do que são e não mais numa relação de negociação e de camuflagem com a sua própria formação cultural-étnica e religiosa. E assim, a Performer, oferece um Banquete Antropofágico, e convida ao publico numa de forma interativa montar cada momento deste banquete num ato de comunhão e assim promover experiências sensoriais, numa livre inspiração na performance Canibalismo da artista Lígia Clark. E trazer questionamentos de que Corpo Negro/a ou Corpos Cavalgados estamos falando?  De Um corpo Cavalgado-desintelectualizado, numa perspectiva que foi criado para não pensar, Um corpo Cavalgado do trabalho, construído para servir, explorar, Um Corpo Cavalgado-Público onde todos se acham no direito de tocar, invadir, matar, Um Corpo Cavalgado-Sexual no qual pode-se violar, estuprar, Um Corpo Cavalgado-Demonizado, sem respeito as religiões de matrizes africanas e visto como algo do mal, perverso. Sendo assim, está num evento que possibilita essa troca e fruição, e poder levar para o público a partir desta encenação, que traz em suas inquietações, do lugar onde meu corpo enquanto mulher negra artista-performer sente-se confortável e potente para abordar as questões da marginalização religiosa e do racismo estrutural  e que se fazem necessárias nas discussões em vários países que ainda não superaram essas questões. 

Elze Maria Barroso

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