✊ Mobilização Internacional de Luta Contra o Racismo
- Datas:
- Sáb., 9 MAIO 2020 14:00-20:00h
Em 2020, a Frente Unitária Antifascista assume o apelo a construção de uma plataforma antifascista europeia e a uma demonstração de força internacional, no dia 9 de Maio.
Segue o nosso manifesto:
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PT- Manifesto antifascista europeu
Com o fim da Segunda Guerra Mundial há 74 anos atrás, veio a derrota do nazismo e do fascismo. Hoje, assistimos a uma nova ascensão da extrema-direita, por toda a Europa, com graus diferentes de radicalidade mas, presentes em todos os países. Políticas anti-imigração, ataque aos direitos dos trabalhadores e aos direitos sociais, ataque às minorias, homenagens a figuras ligadas ao fascismo ou ao nazismo e até tentativas de reescrever a história, todos os indicadores do regresso do perigo fascista estão ligados.
As sucessivas políticas de austeridade e a social-democracia acabaram por desgastar os trabalhadores e as classes médias, esmagadas pelos incessantes ataques do Capitalismo moribundo. O povo vai perdendo confiança nas instituições e na própria democracia, abrindo a porta a soluções propostas pela extrema-direita que escondem um projeto bem diferente do anunciado. Fruto também de um esquecimento da memória histórica por parte das novas gerações, a extrema-direita volta a conseguir endoutrinar uma parte do povo e convencê-los que os culpados são a esquerda e as minorias, criando aos poucos movimentos de massas, elegendo governos ou representantes no Parlamento e reforçando a atividade dos movimentos envolvidos nesta ofensiva. As recentes tentativas de revisionismo histórico como a votação da resolução anticomunista pela UE, são sinal da força que a extrema-direita conseguiu atingir nos últimos anos, com apoio da direita que a usa para servir seus fins e tentar eliminar a esquerda e toda forma de organização de trabalhadores que possam vir a lutar contra as medidas que querem impor.
Já sabemos que em alturas de crise do capitalismo, a burguesia tenta recuperar as suas perdas baixando os custos em mão de obra com cortes nos salários e nos direitos laborais por exemplo, ou outras medidas que também vão ter um impacto na classe média, que acaba por se virar contra os pobres, refugiados, imigrantes, ou a esquerda, apontados como culpados pela extrema-direita. Esta mesma extrema-direita que não passa de um instrumento do capitalismo para tentar captar os setores não politizadas e impor as medidas da burguesia, se for preciso usando a força. Eles usam do descontentamento criado nas classes médias e populares e vão alimentando este discurso de ódio, usando de discursos populistas e propostas que eles próprios, sabem que nunca vão aplicar, sendo contra a ideologia que defendem. Mas de facto, este discurso é chamativo para as pessoas menos politizadas que identifiquem esta extrema-direita como uma possível solução aos problemas que encontram, não tendo a consciência do facto de ser apenas uma estratégia para poder dividir o povo e assegurar que este não lute contra a burguesia e seus ataques.
A radicalidade e força desta extrema-direita não é igual em todo lado. Em alguns países como na Hungria, eles conseguiram aceder ao poder e serem eleitos para governar. Noutros, conseguiram vários deputados presentes nos parlamentos, de forma a poderem garantir um espaço de propaganda e começarem a aplicar o seu projeto político. Mas em todos, existem movimentos sociais, alguns dos quais organizados em grupos terroristas como na Alemanha ou na Noruega, matando centenas de cidadãos e oponentes políticos pela Europa. Todos agem em contextos diferentes mas, com um objetivo em comum, com apoios estrangeiros e uma organização que passou a ser feita a nível europeu.
Esta nova ascensão fulgurante da extrema-direita eleva a o combate antifascista em vários países, para um novo patamar, transformando-se em combate de primeira necessidade, estando em jogo a vida ou morte da esquerda, das organizações sindicais, das liberdades e dos direitos democráticos, dos valores da solidariedade e da tolerância, do direito à diferença. Mas nos países onde esta extrema-direita ainda tem uma força limitada também é urgente fazer desta luta uma prioridade, de forma a poder limitar este avanço ao máximo e enfraquecer a extrema-direita em todos os locais de forma atingi-la globalmente.
Face a situação atual, a luta antifascista já não constitui apenas uma opção estratégica mas sim um dever de qualquer democrata, que exige formas sérias de organização e de investimento político e militante a longo prazo. Deve ser feita próxima da população e dos movimentos sociais de limitando ao máximo a tentativa de destruição da consciência da classe trabalhadora e garantir a difícil, mas necessária consciencialização dos setores menos consciente e da classe média, tradicionalmente inclinada a apoiar estas forças populistas. Todo e qualquer trabalhador tem que ser consciencializado e mobilizado para lutar contra a burguesia e a extrema-direita que a serve, de forma a garantir que a estratégia de divisão seja um falhanço e que o povo consiga se unir contra a burguesia.
Para ser eficaz e convencer as populações, a nossa luta tem que se organizar de forma democrática, unitária e propor uma outra visão da sociedade, baseada na solidariedade, na tolerância e na fraternidade, na recusa do machismo, na rejeição da opressão das mulheres, no respeito pelo direito à diferença, pelo internacionalismo, pela proteção escrupulosa da natureza e pela defesa dos valores humanistas e democráticos. Um projeto de sociedade coerente, inclusivo e radicalmente oposto a proposta da extrema-direita. Esta luta deve se opor ao fascismo e a neofascismo em todos os locais onde se exprime o racismo, o machismo, a homofobia, o militarismo etc….
Os antifascistas de toda a Europa precisam juntarem-se num movimento a nível Europeu, com estrutura que tenha capacidade de garantir uma ação quotidiana e a proteção dos alvos da extrema-direita como militantes de esquerda, minorias sociais, étnicas ou religiosas. É necessário criar uma rede presente em cada país da Europa, fruto de uma colaboração de todas as forças antifascistas espalhadas pela Europa, garantindo uma ação coordenada. Esta rede deve ser construída em todos os espaços da sociedade, contando com organizações nos locais de trabalho, nos locais de divertimento, nos locais de habitação, no espaço político e nas ruas, razão pela qual esta rede se deve inclusiva, alargada e recusar toda forma de divisionismo ou sectarismo que possam vir a aparecer, fruto também de futuras tentativas de desestabilização pela extrema-direita.