Um debate sobre os perigos de exclusão e as violações de direitos das crianças
A fotografia do despejo de Primavalle em Roma, há um mês atrás, tornou-se símbolo da crise habitacional na Europa e das suas consequências potencialmente devastadoras na vida das famílias e, em particular, na vida de famílias com crianças. Como no resto da Europa, cenários como este, que apresentam um grande número de crianças a ser criadas em contextos de precariedade habitacional ou, mais grave ainda, a ser despejadas, estão na ordem do dia, em Portugal.
Com o aumento dos preços do arrendamento no sector privado, a retração da oferta de habitação a preços compatíveis com os orçamentos das famílias e a escassez crónica de habitação no sector público, é crescente o número de famílias que enfrentam situações de não renovação de contrato, de perda de casa e de despejo. Preocupam-nos situações como: as consequências da falta de condições de habitabilidade no relacionamento interpessoal; o aumento de rupturas familiares e a fragilidade que famílias monoparentais enfrentam numa situação de perda de casa; o abandono dos centros urbanos da cidade com as mudanças de laços e redes de solidariedade entre vizinhos que esse deslocamento significa; a perda de intimidade provocada por situações de sobrelotação, pelo regresso das famílias à casa dos pais ou pela dificuldade de autonomização dos jovens que têm dificuldade em encontrar soluções para passar a ter casa própria.
Numa conversa informal, juntamos psicólogos, educadores, arquitetos, jornalistas, pais e famílias vítimas de despejos, para falar das condições em que têm ocorrido as situações de despejos, perda de casa ou não renovação de contrato, em Lisboa, das suas implicações na vida psicológica das crianças e de como as famílias estão a viver e a reagir a uma crise habitacional que acontece tanto em Portugal como no resto da Europa.
Paralelamente, um atelier artístico, que funcionará como espaço para a imaginação de uma casa, pensado para os filhos das pessoas que vêm para o debate e para todas as crianças interessadas em pensar os lugares onde vivemos.
